quarta-feira, abril 19, 2006

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

*Florbela Espanca

...enfim...desejos de um dia que ainda não acabou...

7 comentários:

Anónimo disse...

A Florbela é sempre um "must"!
beijocas

João disse...

Bonito. Florbela Espanca rules!
"a tua mão na minha..."
Aproveitando a deixa: "A mão noutra mão, pode ser, e é tantas vezes, a suprema carícia"
Fernando Namora

NaLua disse...

A grande Florbela,
Bem Maluquinha como eu gosto, fatalista, apaixonada, deprimida como o são os artistas em geral.

Para ti, Luísa, espero que, se a tarde de ontem não te trouxe o que precisas, não te esqueças de que hoje também haverá uma tarde e amanhã outra.

Bjo

Anónimo disse...

adoro este poema :)

Luisa Seabra disse...

Florbela é uma das minhas poetizas preferidas, senão a preferida.

NaLua:a tarde de ontem trouxe-me ice tea de pêssego, cigarros, conversa animada, numa esplanada q já começa a ter história...

Luisa Seabra disse...

Nelinha, benvinda, espero q voltes mais vezes...eu já espreitei o teu, mas foi rápido...o q vi gostei! amanhã vou espreitar melhor!

Anónimo disse...

adoreiiiiiii,olha e enquanto lia este fim de semana o teu blog,mais propriamente este poema lembrei-me desta musica e porque como tu disses: "...enfim...desejos de um dia que ainda não acabou..." eu deixo-te com esta musica que faz snetido escrever neste comentario!

Fim do dia (no lado quente da saudade)
"Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro

Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir

Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado

O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar

O escuro lá fora incendeia as estrelas
As janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua

Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste

Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu braço fechado

E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade "